sábado, 16 de maio de 2009

Trocando idéias


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Qual dos períodos da História da Arte Brasileira você prefere trabalhar em sua instituição? Por quê? Acesse o link: http://www.pinacoteca.org.br/museuparatodos/

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sintese da leitura do Texto: Sobre a Arte e Arte

Glebeson Agrício Barbosa, é formado em Artes visuais, com especialização em História da Arte. Atualmente faz parte do grupo de estudos de Artesa Plásticas no Ateliê 'L´Observatório Figuralle".

As grandes coisas exigem silêncio, ou que dela falemos com grandeza. No que concerne a Arte é preciso experienciar de forma subjetiva, única e própria. O silêncio é o espaço entre a criação e o criador, a conexão que se estabelece entre ambos para que haja o espaço da expressão, do entendimento.
Arte está para muito além da linguagem, do código. Nos comunicamos para estabelecer pontes uns com os outros, a Arte é a experiência “viva de viver” talvez para transfigurar, para ir além de si mesmo, é o estado máximo de contemplação de si mesmo.
É preciso adquirir asas, é preciso se permitir voar, romper, ir além, é essa conexão que o movimento vivo da Arte impele o artista.
Por que estudar a história da Arte parece tão distante e enfadonho? A arte é a reinterpretação da vida.
Arte = força- inerente ao homem
Arte= objeto- material, fruto dessa força
História- aprendemos o passado para entender o presente e o futuro.
Arte- mesmo a História da Arte, ao ser estudada do ponto de vista teórico, acadêmico, erudito não nos faria entender a Arte em sua essência.
Para entender o estudo da Arte é preciso compreender a sua essência motriz de tornar a vida algo que ela é, além do código, da erudição, de sua linha histórica. Para entender a Arte é preciso compreender o silêncio, é preciso também estar em estado de contemplação.

Autoras: Grace Luciana e Neylimarcia

Elis- uma intérprete imortal

O médico precisa de distanciamento do indivíduo para conseguir operar de forma profissional.
Para analisar uma obra também precisamos de certo distanciamento assim como clareza de alguns elementos artísticos específicos desta área de conhecimento.
Ficaria difícil analisar as obras de Elis Regina sem um certo distanciamento pois sua interpretação nos leva imediatamente a um processo empático nos qual somos levados a sentir o que sua expressão e sua voz nos transmite, chegamos a nos sentir solidários ao sentimento que ela passa em sua performance.
Existe um investimento intenso na interpretação da poesia e da letra.
Ela tem o domínio completo dos elementos cênicos artísticos, isso faz com que ela própria se transforme no universo artístico, pois o público responde imediatamente a essa experiência artística.
Com sua arte e domínio das técnicas vocais ela nos convida a se conectar a sua canção, compartilhando dos sentimentos ali descritos. Essa transmutação nos faz romper a barreira do que é obra e criador, deixarmos de ser expectadores para recriarmos a dor descrita.

Atrás da Porta
Chico Buarque
Composição: Francis Hime/Chico Buarque


Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teu peito, teu pijamaNos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua

A interpretação dessa gauchinha nos faz odiar, uma pessoa que não conhecemos. E não conhecemos mesmo? A arte imita a vida ou a vida imita a Arte?
Elis desde que ganhou o primeiro festival de MPB em 1965 inaugurou uma nova forma de interpretação musical e com ela muitos nomes da MPB ficaram conhecidos, ela imortalizou a música de uma forma tão pessoal, que até hoje, o fenômeno Elis Regina ultrapassa as barreiras do tempo e ainda hoje surpreende e comove quem de sua arte experiencia , essa cantora de técnica impecável e com uma interpretação única mudou o cenário artístico brasileiro.
Autoras: Grace Luciana e Neylimarcia

sábado, 9 de maio de 2009

Obras de Elis Regina

O que faz destas apresentações obras de Arte?

A letra, a melodia, a técnica vocal ou a performance corporal?

O que é mais significativo nesta obra?

Aguardem nossa próxima postagem...

Algumas considerações sobre a estrutura do século XIX.

Considerando a postagem anterior, no SEC. XIX a sociedade Européia vive o apogeu do período Neo Clássico nas Artes o qual as obras realizadas seguiam um padrão de pensamento positivista e cartesiano. As obras apresentavam uma organização fixa com padrão de estética rígido, evidenciando os valores materiais e espirituais (discurso do sagrado e do profano conforme a mentalidade católica doutrina que era dominante na Europa) as imagens eram compostas seguindo uma paleta de cores com tons esmaecidos evitando-se a utilização de cores vibrantes, ausência de expressão de sentimentos e emoções na figura humana refletiam uma serenidade aparente: a ordem social desejada pela classe dominante. Como já foi aqui colocado anteriormente, com a colonização e sobretudo com a chegada da família real ao Brasil o modelo de cultura européia passou a ser “assumido” pela colônia como o padrão ideal de desenvolvimento moral e social, assim, o Brasil passa em termos de arte do modelo tribal nativo direto para o neo clássico, seguindo as normas estéticas deste estilo de arte. Almeida Junior foi genial, pois ele utilizou os códigos de sua época, para contestar a estrutura social posta pela elite, sem transgredir esteticamente o padrão neoclássico da época, utilizou signos e símbolos, para contestar os valores sociais determinados em seu tempo. A seguir analisaremos duas obras de Almeida Júnior, ilustrando as considerações aqui feitas em relação à pintura do Sec XIX.
Autoria: Derany, Grace e Neylimarcia.

Análise da obra "Leitura" de Almeida Junior.

'Leitura', Almeida Junior.Este quadro é considerado uma obra de ruptura, pois quebra com os padrões da figura feminina lançando um olhar diferenciado para esta mulher que tem desejos e vontades que não eram considerados no século XIX. Os indícios para esta conclusão, estão nos seguintes elementos; a mulher foi retratada sozinha com uma postura mais desalinhada, os cabelos soltos fazem referência a liberdade e luxuria com uma apelo sensual.
A mulher está lendo um livro o que não era comum para as mulheres na época, o que lhe indica acesso a cultura universo dominado pelos homens ( cultura=poder).
O corpo desta mulher está praticamente nos quadrantes de maior valor da ordem do sagrado e do profano. A parte da cabeça= intelecto é do sagrado e o corpo=desejos é do profano.


Primeiro quadrante: a paisagem natural pode remeter ao paraíso universo feminino, ligado as questões da natureza, a casa de construção nobre representa status e posição social elevada; A cabeça da mulher representa inteligência evidenciada pela luminosidade no rosto e no topo da cabeça. Ela tem um livro em mãos, ícone de cultura= poder, poucas mulheres liam nesta época.

Segundo quadrante: mostra a terra símbolo de estatus, a propriedade com grande área de céu e terra, mostrando a ostentação e poder (domínio sobre a terra), que pode pertencer a esta mulher.


Terceiro quadrante: mostra a imagem do corpo da mulher sentada em uma cadeira de forma desalinhada com os cabelos soltos dando o sentido de liberdade;
Suas roupas são refinadas, com cores próximas do ambiente em que ela está sentada, existe uma ligação semântica entre a figura feminina e a casa, dando idéia de pertencimento.

Quarto quadrante: Apesar do corpo da mulher estar inteiro na cena a direita do quadro, seu pé está avançando o último quadrante da esquerda que da indícios de uma mulher independente, extrapolando o padrão de comportamento feminino da época. Normalmente o quadrante da direita representava o universo feminino e o da esquerda o universo masculino; A cadeira pode indicar a presença de outra pessoa.

Autoria: Derany, Grace e Neylimarcia.

Análise da obra "Saudade" de Almeida Junior.

Existe uma luz em perpendicular que entra pelo primeiro quadrante passa pelo chapéu, brincos, boca, lágrima, documento, livro e termina no baú entreaberto que conduz nosso olhar na obra.
A postura da mulher voltada para dentro indica introspecção ignorando o universo externo.

As cores da casa, do local se harmonizam com os tons de pele da mulher mostrando que ela pertence a este local.

Esta obra de Almeida Júnior tem a estrutura padrão do século XIX porém ele transgride quando mostra o sofrimento e os sentimentos de uma mulher simples. Nesta época as emoções não eram retratadas e ele valoriza os sentimentos de uma classe social que não pertence à elite.

Na estética das pinturas do Sec XIX, o campo visual era dividido em duas partes: uma superior e outra inferior, que se subdividem em direita e esquerda, compondo quatro quadrantes, sendo os superiores representantes do discurso sagrado (maior valor) e os inferiores do discurso do profano (menor valor) lidos segundo a ordem decrescente de gradação de valor, da esquerda para a direita, de cima para baixo.

Primeiro quadrante: Luz perpendicular fria, cores frias,imagem de chapéu masculino representando a superioridade masculina e a presença de uma ausência.
Segundo quadrante: Imagem de uma mulher apoiada na janela, posição do corpo torcida dando a idéia de fragilidade. Existem indícios de aliança no dedo médio da mão esquerda, a mulher veste roupas e bijuterias na cor preta sendo um símbolo de tristeza ou viuvez. Demonstra uma abatimento na face com lágrima no olhar, cabelo desalinhado, dando a idéia de que se esqueceu dela mesma, idéia de desespero com a boca coberta parece conter um sentimento sufocado. Carta ou documento na mão remetendo a lembranças.
Terceiro quadrante: Roupa e casa simples indica uma mulher comum.
Quarto quadrante: O baú entreaberto parece guardar roupas dando a idéia de algo não concluído. Livro sobre o baú coberto por um xale branco, o símbolo livro indica o poder de leitura do universo masculino.
Autoria: Derany, Grace e Neylimarcia.

Nosso inventário

Alguns pontos observados:

Ver é diferente de olhar.

Ver: Maneira ingênua de captar com os olhos, qualquer pessoa que possui a capacidade de enxergar é capaz de ver, sem se ater aos detalhes, de forma mecânica.

Olhar é uma maneira apurada de enxergar detalhes e fazer relações de sentido considerando os aspectos formais (cor, luz, forma, gestalt, disposição e contexto) que constitui o campo visual.

Apropriação de um vocabulário específico para tratar das questões da ordem (RsRsRsRs) dos conceitos artísticos.

A compreensão de uma estrutura de um pensamento com características do Séc XIX, que ficou muito forte e presente até a atualidade, considerando que o Brasil foi colônia e herdou uma cultura imposta por nossos colonizadores, pulando da fase da “barbárie” para a estrutura neoclássica. Na tentativa de amenizar as lacunas que ficaram neste processo “aceitamos” esta estrutura como base de pensamento trazendo uma certa “segurança” para a elite cultural.

O pensamento cartesiano colocou uma ordem de estrutura das coisas que dava uma falsa sensação de perfeição, e esta estrutura ficou firmada como adequada até a atualidade.

Com estes indicadores percebemos que hoje esta estrutura está presente em nosso cotidiano, porém nosso olhar ingênuo não se dava conta disto.

Exemplos:

  • Nossa atitude enquanto grupo, foi em muitos momentos de receptores, nos colocando na posição de quem espera ser guiado e apresentado a modelos;
  • A perplexidade das pessoas quando apresentadas a abordagem fenomenológica que rompe com a estrutura cartesiana a que estão habituadas;
  • Isto ficou claro quando solicitadas a analisar as obras, repetimos convictamente de forma automática a estrutura apresentada pelo formador;
  • A composição do campo visual nas cenas dos filmes analisados muitas vezes era deixada em segundo plano, com uma narrativa focada no enredo da obra, ou quando a narrativa da estrutura apresentada não se apoiava nas imagens ficando apenas no discurso verbal.
  • O desconhecimento da presença da estrutura do Séc. XIX no noticiário da rede globo que é líder de audiência;
  • Quando não conseguimos nos desvincular da educação bancária com professores depositários de conhecimento esperando que os formadores deste curso nos trouxessem todas as respostas prontas e as fórmulas mágicas renegando o processo de construção coletiva e a reflexão seja individual ou no grupo.

Autoria: Derany, Grace e Neylimarcia.

Introdução

A arte tem uma importância que extrapola seu valor material enquanto objeto de produção humana, pois entendida enquanto patrimônio cultural permite a reflexão sobre questões que estão implícitas; O objeto artístico é impregnado de códigos e elementos de significação intencionalmente postos pelo artista. Por esta razão podemos justificar historicamente o distanciamento proposital do individuo comum dos códigos da arte, politicamente impostos à educação, pois a arte representa a história de um povo, a visão de diferentes ângulos que normalmente não são contados na história narrativa, o artista em determinados momentos utiliza a arte coma forma de denuncia, traz um contexto impregnado de sensações e emoções, inserindo na história personagens excluídos com uma grande carga de humanidade.
Vários artistas se destacaram em sua época por retratar a história como ser participante do fato, retratando-a através das imagens diferentemente do historiador que relata a história de forma imparcial e data os fatos de forma quase jornalística, o artista está imerso em suas obras sem se distanciar do contexto em que a obra foi realizada.
O desafio do docente consiste em compreender a expressividade de cada obra levando em consideração o valor artístico destes códigos, mas ao mesmo tempo “enxergar” o contexto sociológico que acompanha a criação artística.
Fomos educados para reverenciar os padrões estéticos Europeus, matriz cultural imposta pelos colonizadores; a educação nos leva a um olhar crítico que amplia nossa visão em termos sócio-culturais, por exemplo, na disciplina História, já é claro o quanto precisamos romper com esses padrões e valorizar nossas raízes antropológicas, no entanto, quando falamos do Ensino da Arte, ainda apresentamos um olhar ingênuo, ensinar Arte é a tradução do ensino da técnica. Assim a disciplina Arte é relegada ao rol dos conteúdos menores e para “aqueles poucos” que tem dons artísticos.
A Arte é uma área de conhecimento, que tem seus próprios conteúdos e habilidades específicas, que precisam ser explicitados e compreendidos. O trabalho com a Arte não deve ser reduzido a aspectos relativos à recreação, equilíbrio psíquico, expressão criativa e desenvolvimento de habilidades motoras. Assim, ao educarmos com Arte, é preciso ter discernimento quanto aos objetivos de cada atividade proposta e estabelecer critérios de avaliação de seus processos e resultados, para que sejam
claros aos professores e aos alunos. Milene Chiovatto e Gabriela Aidar- Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Autoria: Derany, Grace e Neylimarcia.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Estrutura do Curso

Formação para educadores sociais e professores, incluindo discussões conceituais acerca da Arte e da Educação, processos e métodos de educação em Arte, Estética, História da Arte e dos estilos artísticos, história da instituição, aspectos da elaboração de projetos e programas educativos, processos educativos inclusivos em arte, entre outros.

  • Formação aos Sábados;
  • 5 encontros de 8 horas cada, num total de 40 horas - 2008 (formação básica);
  • 4 encontros de 8 horas cada, num total de 32 horas - 2008 / 2009 (formação processual e acompanhamento de ações).

Nossa trajetória no curso - Aprender na Pinacoteca

Objetivos do curso:
  • Capacitar os profissionais de ensino para a compreensão dos potenciais educativos do museu;
  • Potencializar os processos de encontro com a instituição cultural e seu acervo, como processos de experiências educativas;
  • Auxiliar na compreensão aprofundada do papel da Arte e da Cultura como recursos educativos socioinclusivos;
  • Ampliar a percepção dos educadores nas associações entre educação formal e não-formal;
  • Disseminar o prazer da visitação e freqüência a instituições culturais;
  • Contribuir para a compreensão de ações educativas em arte como processos de desenvolvimento de consciência crítica e cidadania emancipatória dos educandos.